"ESPANTO"

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

"Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança";

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

"E em mim converte em choro o doce canto".

E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor espanto:

"Que não se muda já como soía".

Rememorando este belo soneto

Escrito há quase quinhentos anos,

E observando os acontecimentos

Que atualmente têm nos deixado estarrecidos,

Concluímos que ele soa aos nossos ouvidos

Como uma PROFECIA LÍRICA!

Obs. O título e as aspas são meus,

O mais é do sempre atual Camões.

zaque
Enviado por zaque em 06/06/2010
Reeditado em 15/05/2011
Código do texto: T2303134