ENTRE A ÁGUA E O FEL

Entre os períodos da vida

Entre altos e baixos

Acostumei-me à falta de sabor e à falta de cor

Dos aromas nem falo, pois estes nunca existiram

Sigo resignado, equilibrando o coração que às vezes passeia tão próximo à insanidade

Concluí que é melhor assim, sem muitos ideais

Pois a finalidade de ideais que não se concretizam é a de nos frustrar

Antes uma vida insípida, inodora e incolor do que uma vida negra, mal cheirosa e amarga

Mas há coisas que mesmo ante minha vigilância constante maculam meu aparente equilíbrio

Há coisas que por si só possuem um sabor áspero de decepção

Como a lixa de ferro a limar a minha língua com grande intensidade

É uma fina, quase imperceptível melancolia que transpassa o meu consciente

Melancolia de saber que a vida passa e não traz as mesmas oportunidades que um dia trouxe

Após a juventude vem a velhice e o fim da saúde

O início de uma fase em que tudo se dificulta

Se a vida já tem esse viés hoje, como serão os dias de decadência?

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 10/08/2010
Reeditado em 10/08/2010
Código do texto: T2429207
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