Os meus cantos são desencantos
Os meus cantos
São só cantos e desencantos.
São cantos dos olhos meus
São mágoas e mínguas
Desencantos
Por entretantos que a vida apagou
Por amores que a vida não elegeu.
Os meus cantos são recantos
Pontos de encontro que a vida sonegou
São cantos e prantos
Choros do mundo
Lágrimas que o vento levou.
Não choro nem rio
Estou sisudo, gelado
Com muito frio.
O meu canto não me encanta
Esbateu-se na água
Dilui-se no rio
E eu só
Continuo com frio
Porque canto
Sem me encantar.
Coimbra, 2 de Novembro 04
Vimarakof