Clausura

Eis que do mais tênue suspiro surge a loucura

Na vontade de se privar dos sentimentos ,

Aparece a dor

Quando tudo parece estar perdido

Palavras se confundem, definições se perdem

Pessoas se esquivam de suas lamentações

O bom ouvinte, necessita se expressar

No mundo dos surdos

Precisa gritar, é julgado por suas atitudes

Sem o direito de resposta

És errado companheiro

Fugiste ao padrão

Se estás insatisfeito,

Pula...

Será apenas mais um número

Um corpo maltrapilho estirado no chão

Por alguns instantes alguém tentará descobrir o porque

Sentirás apenas o gosto da piedade

Lhe taxarão de louco ou incrédulo

No negro se encontrarão algumas lágrimas,

Depois só lembranças de mais um pecador

Sua utopia denegrida

Nos sonhos desmoronados

As esperanças que escaparam entre piscares de olhos

O prazer superou os limites

Se apega a cada gota de vida

Que lhe percorre as entranhas

Nada mais o satisfaz

Cansado de um mundo de injustiças

Dos que não querem carnaval

Nas barreiras, antes invisíveis

Lascas de sangue em traços surreais

Testemunham a luta e a bravura daquele ser

Ou talvez uma covardia contida

Um falso herói destemido e temido

Temendo a própia sorte

Hoje apenas um conto adormecido

Desfaz-se em meio a impunidade

Quisera chorar na deserta multidão

Espectros fantasmagóricos demarcam um passado

De alguém que queria ser compreendido

Mas jamais tivera voz!

Ive Lage
Enviado por Ive Lage em 23/10/2006
Código do texto: T271412