SENTIDO

Na espera por ele;

Ela perdeu-se num pesadelo repentino.

Os anjos não cantaram como de costume;

O fim da missa não teve amém.

A crença forte tornou-se vaga;

Os homens acordaram de um sonho:

Júpiter pediu ajuda a Alá.

As idéias são muitas.

Os crentes se multiplicam nas ruas.

Do telhado das casas se ouve o mesmo barulho: Cristo passa.

Meninos e meninas juntam-se para dançar com o Mestre.

Onde estavas ontem?

Para onde fostes no verão?

Por que não fostes à África?

Por que foges da miséria?

O sol amanhã nascerá e com ele levantam-se as questões.

O sentido está no peito do viajante, escondido em suas fibras.

São os olhos que enganam; a miopia é secular.

Não espere boas novas, pois a calçada é testemunha da rua.

Não se tem em quem fiar;

Nossa pele está nua;

Nossa razão ainda crua, não dá para digerir.

Ele estava no campo.

Chovia muito.

O raio abateu-lhe as esperanças;

Um corpo na grana, um crente na eternidade.

Uma mulher a chorar.

Que vaidade!

Desperta consciência de teu delírio.

Acorda amiga minha até que beijes o bom senso.

Parece que o sentido está nas fezes.

Excrementos de meu dia a dia.

Minha eterna lembrança pastosa da infância...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 12/01/2011
Reeditado em 15/10/2017
Código do texto: T2725580
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