CRÚ POEMETO
O assento da praça era frio
E do cimo da árvore caia
No pescoço uma formiga fria
Incentivo maior aqui não havia,
Para sustentar da palavra o fio
Queria o marmório vento
Fluir na árvore banimento
Do vazio espírito corrimento,
Mais respeitoso e pio
Se nada me pertubava
Menos ainda qualquer emoção
Punha-me à mercê o coração
Destituído de tudo estava,
Quis escrever então bravio
E corajoso de poesia
O que pôde conter meu vazio
Até escrever não um soneto
Mas esse nu e crú poemeto,
Fruto de pura e dura fantasia!