Lágrimas de gelo

Você chegou do nada

E roubou toda a minha atenção

Como o vento em fúria

Destruiu toda a minha razão.

Fez-me ficar imune

As flores do seu jardim

Agora sonho com o dia em que irá terminar

O que começou e com o que plantou em mim

Você pôs em mim uma semente malíguina

Que conforme cresce, destrói mais a minha alma

Alma que um dia pertenceu a mim

E que agora pertence a ti.

Se isso é bom, eu não sei!

Talvez seja

A dor do silêncio

O medo da solidão

Os pensamentos absurdos e infantis

O frio da sinceridade

Pedra de gelo escorrendo no meu rosto

Em vez de lágrimas

Sinto meu peito apertado e pesado

Aperto semelhante ao mar, quando nos afogamos nele

Como uma pedra de concreto

Aperto que me mata aos poucos, com um imenso desespero

E que me transforma a cada estação

Soube mover cada peça do seu xadrez

Com seu teatrinho de bonecas

Fez-me acreditar no infinito

Fez-me acreditar em suas palavras

E para quê?

Para quê?

Para mais tarde transformar tudo isso

Em lágrimas de sofrimento?

Com as lágrimas que escorrem dos meus olhos

Você pode regar o seu jardim de ervas daninhas

E o meu desespero

E o mais difícil, o seu despreso

Dramática e exagerada?

Talvez eu seja

Mas quem ama e sofre

Sempre é

Fez-me viver a sua e a minha vida

Queria que fosse simplesmente um sonho

Em que tudo não passasse de um simples enigma

Enigma que eu desvendaria para ir ao seu encontro

Apesar do meu semblante permanecer triste

Não sinto raiva de ti

Sinto pena por afastar-te de

Todos que lhe querem fazer feliz.

charlana thurler
Enviado por charlana thurler em 03/11/2006
Reeditado em 03/11/2006
Código do texto: T281063