O DESTITUIR DA RAZÃO

A chuva caia mansamente.

O uísque aquecia o corpo.

A nicotina desenhava teu rosto.

Prateada, a lua espiava

Meu desassossego, minha dor.

Num bilhete, o adeus final.

O até nunca mais, ardia.

A melodia fúnebre atormentava

E ao mesmo tempo, deleitava-me.

Meu estado de ser, não era.

O mundo parecia inanimado.

Olhei para o escuro da noite

E vi no espelho negro da trajetória,

Minha face desfigurada pelo tempo.

A idade me fez endurecer.

Atravessei séculos, a te procurar.

Fui mais forte que o destino,

Findei engabelando a severa morte.

Agora que finalmente a encontro,

Vejo-me fraco e acorrentado

Pelas amarras do teu coração.

Quão misterioso é o amor,

Que tem o poder de nos destituir da razão?

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 29/06/2005
Código do texto: T29005