DELITO DE CORPO

Eu me assassino

Todas as manhãs

Quando me desperto

E o meu corpo exangue

Mera testemunha

Faz de mim seu cúmplice...

Sem remorso ou pejo

Quebro as promessas

Que fiz a mim mesmo.

Sufoco a tortura

Entre o sim e o não

Com o meu silêncio.

Sou juiz e réu

Do meu próprio crime

Nada há que me livre.

Porém me suborno

Contando a vida

Pelo que está por vir.

Se perdido no tempo

Um caçador de fósseis

Romper minha mortalha

Talvez da pedra bruta

Uma borboleta escape

Entre o vão de seus dedos.

dilermando cardoso
Enviado por dilermando cardoso em 22/05/2011
Reeditado em 22/05/2011
Código do texto: T2985496