DELITO DE CORPO
Eu me assassino
Todas as manhãs
Quando me desperto
E o meu corpo exangue
Mera testemunha
Faz de mim seu cúmplice...
Sem remorso ou pejo
Quebro as promessas
Que fiz a mim mesmo.
Sufoco a tortura
Entre o sim e o não
Com o meu silêncio.
Sou juiz e réu
Do meu próprio crime
Nada há que me livre.
Porém me suborno
Contando a vida
Pelo que está por vir.
Se perdido no tempo
Um caçador de fósseis
Romper minha mortalha
Talvez da pedra bruta
Uma borboleta escape
Entre o vão de seus dedos.