Hoje sou outro, Bela

Se me visses chorarias!

Bela, não busques razões

no viço das pradarias,

nem no mar, em turbilhões.

Fui louco, quando te amava,

não dizer que te queria!

Hoje, não serás escrava

dum amor em tumba fria.

Na guerra aprendi a amar

ódios, morte e solidão.

Não queiras acreditar,

será tua perdição!...

Se me visses, chorarias!

Por isso longe te quero

das memórias tão sombrias

que em ti alberguei. Espero,

não me reconheças, Bela!

Estes dias (oh, que linda!)

estavas tu à janela.

Senti uma dor infinda!

Oh, não me reconheceste!…

Mal de ti, se conhecias…

Em troca do que perdeste

só dores tu ganharias!

( Negrelos 17/11/1972)