Eu não quero mais

Eu não quero mais ser um menino na hora de amar e ser amado,
mesmo porque já sou homem crescido pra saber e discernir o que pode de facto ter fundamento naquilo que é dito e falado.
O grande problema é que a grande sina de quem ama é ser iludido,
pois a paixão nos torna míopes, senão cegos, para que não vejamos o que está para os outros bem disposto em um mural onde os recados não deixam dúvidas das tantas faltas de senso moral, das inconsequências de palavras malditas que nos resultam em suplícios onde a ajuda alheia quase ou nada resolve.
Questões sentimentais são por demais particulares para que conselhos sejam decisivos e corretivos para ambas as partes. Quem nunca foi enganado por uma paixão arrebatadora? Quem nunca foi ludibriado por um amor repleto de promessas e falsas juras que num dado momento se revelaram falsas e covardes declarações? Quem nunca se entregou e se deu por completo a um relacionamento onde o lema era amor eterno?
Eu não quero mais ser um menino inconstante, levado pela insensatez de lábios irresponsáveis e errantes, que fazem do seu discurso uma promessa arrebatadora cujo fim é um castelo em demolição e um coração em completa ruína e destruição.
Eu não quero mais...
Ser vítima de lábios levianos que abreviam os meus anos pelo sofrimento e pela alta descarga de radicais livres que oxidam a minha carne e adoecem o meu espírito. Eu não quero mais me sentir numa hora uma celebridade, um mito, e dentro de poucas outras horas, repelido, expelido, como se um verme fosse; ou mesmo como vomitado, expurgado e lançado na reciclagem dos arquivos de quem fez da sua doce mensagem uma mera passagem por uma fase que ficou para trás.
Eu não quero mais...
Ser enganado, ter o coração magoado e depois ouvir um frio pedido de desculpas: desculpa, eu estava enganado! Como se curassem chagas com band-aid ou com compressas de água morna, fazendo-me sentir como uma símples vítima que a qualquer momento extorna todo o investimento de dedicação, de amor, de entrega e devoção. Não! Eu não sou um objeto, nem tampouco sou um dejeto. Eu tenho um coração que pulsa mas que nesta hora repulsa toda indiferença de uma entrega sem reservas. Repulsa!!! Minhas entranhas se estremecem diante da expressão contraditória de quem outrora tinha como retórica amar para sempre, eternamente.
Eu não quero mais...
Alguém cuja eternidade seja mais curta do que um fim-de-semana e onde sua promessa impensada flua ou emana como se a alma alheia fosse indiferente, calculista, oportunista ou desumana.
Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 15/10/2011
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T3278788
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