SOZINHO

Acordar sozinho, sair sozinho, dirigir sozinho, almoçar sozinho, andar no shopping sozinho, viver sozinho... Tudo isso é muito sozinho a mim mesmo que jamais pensei que me sentiria tão sozinho, como o sozinho do presente.

Que tristeza sozinha, viu... Passeio sozinho, direção dos olhos sozinho, lágrimas sozinho... Por mais que tento fugir, mas o sozinho me acompanha... Ele não desiste de mim e insiste em ser minha única companhia e ficarmos bem sozinho.

Preciso sair do sozinho, não digo encontrar companhia, mas simplesmente dar adeus ao sozinho, pois ele me machuca com essa intensidade gigantesca.

Ah, se ouvisse dentro do meu interior, o eco ensurdecedor, estouraria seus tímpanos, como ecos de mil óperas ecoando como um som tão altissonante que me destrói.

O eco do sozinho. O sozinho é tão cruel, ele não tem coração!

O sozinho derruba qualquer gigante!

Não me deixe com este monstro horripilante.

Um dia, sentirás assim e terás uma pontinha de saudade que multiplicará, e a amargura tomar-se-á conta de ti, de maneira tal que desejarás com a alma pedir-me perdão, mas o tal sozinho, já terá me devorado por completo...

Estou com parte do corpo, preso em suas mandíbulas poderosas, seu hálito tão forte, seu grunhido é desesperador, sua baba ácida e paralisante, ao mesmo tempo, ruge como leão, estremecendo meu âmago, patas enormes e garras que nem fazes forças e me rasgas como papel.

Tão pequenino que cabe na palma da mão, dentro da memória, dentro do coração, dentro da alma, mas tão gigante que derruba qualquer deus da mitologia.

Eu o conheci, ele é pavoroso! Se o vir, não lhe dê atenção e nunca queira ficar em seu colo, pois ele é tão cruel. Ele acaba com a gente simplesmente com o silêncio.

Fuja dele!! Ele destrói até os mais secretos sonhos.

WILLIAN GILIO
Enviado por WILLIAN GILIO em 03/02/2012
Reeditado em 31/03/2012
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