A Morte do Filósofo
Do alto vejo os segredos e os medos
Das cabeças – só membros – d´uma união em desterro.
De afeto, o que vejo, é o amor ao desejo
Do próprio corpo, no seio de cada homem, o dinheiro.
No que vejo pela janela um jovem em desprezo
- olha as paredes enquanto o cigarro queima seu dedo –
A minha rima é, então, fútil e sem enredo
Ao seu triste samba sem meio, fim ou começo.
Logo meu topo é só mais um membro
Como aos demais que sambam lá embaixo, eu cheiro
A lágrima de cada ser nada ledo
A cada grotesca e sórdida festa de enterro.
Farei história, então, nesse momento:
Mancharei o chão dos passistas, minha glória, eu creio;
Cantarei que do alto sonhou um humilde vil.
Atiro-me à sorte de ser, agora, notado.
Mas supus que o faria superior: calado
Mas, em pouco, ouvi que supus errado;
Eu gritei ao cair...
E foi a coisa mais sincera que já se ouviu.