Amigo do Rei

Quem és tu, que incomodas meus pesadelos?

Não vês que por aqui nada lhe interessas?

Saias enquanto é tempo, antes que eu me aborreça

E junto com meus sonhos, vossa senhoria se apodreça

Eu, caro maltrapilho

Sou o dia que insistes em terminar

Sou a noite que passas sem dormir

Sou a vela que se apaga

Sou a escuridão que lhe assombras

Tu, temido rei

É quem me incomodas

Que tentas em vão me matar

Porque foges de mim?

Não sabes prezado amigo

Que sem teus sorrisos não posso cantar?

Que sem meu brilho não podes dançar?

Vossos olhos eu conheço bem

Brilhantes como a lua

Corrosivos como o sol

Ousas me chamar de amigo?

Se isto fostes

Meu império não terias devastado

Minha alma não terias arrastado

Pro inferno mais feito que a tristeza

Do melhor dos pintores

Mais insuportável

Que a pior das dores

Mentes, desprezível trovador

O Floreio dos meus campos

Com lagrimas de lama enchestes de odor

A luz dos meus seios

Desprovestes de calor

Que culpa posso ter?

Se nem mesmo na mais seca das neblinas

Permitistes meu alvorecer.

Vou-me embora, covarde condenado

Vossa caminhada terminas agora

Sou apenas um servo

Sob autoridade do rei

Fiques tranquilo

Pois até teus pesadelos

Levo comigo

Caio Santos F
Enviado por Caio Santos F em 21/02/2012
Código do texto: T3512100