ALMA DE PALHAÇO
 
 
 
Desbotaram as cores
envelheceram lembranças
da noite para o dia,
ou não?...
Nada mais de utopia ou fantasia,
só a realidade nua e fria,
acabou a farsa!
Pincelo com fúria a tela sem vida,
uso cores das angústias sentidas.
Mascaro a pálida face,
uso massa ou argamassa,
não quero que ninguém veja...
Preciso de um disfarce
que endureça a tristeza.
Cubro de luto o corpo,
vivi por um amor bandido
hoje morto, banido!
Sob o manto do não ser
desvenda-se o não ter,
revela-se o não mais querer,
oposto do que pensei existir
desfaz-se o esforço de tanto insistir,
cai a lona...
Na trincada taça dos sonhos
transborda o sangue da dor...
Sorvo da desilusão o amargor,
de uma só vez!
Tranco os sonhos no armário escuro
e nesse circo desleal e impuro,
amordaço emoções, calo o verso!
Mesmo no reverso, acho forças para sorrir...
Coração trincado em estilhaços,
por fora, matéria feita de aço.
Por dentro, em remendos
chora minha alma de palhaço...
 
 
 
2007
 
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 01/02/2007
Reeditado em 07/01/2013
Código do texto: T366226
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