Exata ilusão

... Foi tudo bem acertado, planejado com carinho ...
  à champanhe e vinho o sonho foi regado.
O acreditar a havia cegamente inspirado
a plantarem somente flores pelo caminho.

Intermediários entre Céu e Terra,
na vinda de
lindos anjos: selos que a paz encerra.
Esqueceram-se: flores podem ter espinhos,
e perfumes enganadores a deturparem ninhos.

Na certeza, seu tempo foi marcado.
Não poderia esperar, contudo, que um dia...
cálculos, visões, esperança, todo o sonhado;
em mísero, mesquinho e torpe se transformaria.

A floreira passou regada
de líquido ardente, borbulhante, sangrento.
Nada mais esperava senão na fria madrugada
um ribombar e então ... um terrível vento.

Vira su'alma gêmea ao ébrio se entregar:
- Por que te exasperas assim? comigo és infeliz?
ama-te melhor a viciosa meretriz?
- Sim, mulher. Foi tudo ilusão; pare de chorar.
 
- Meu amor não é suficiente... finalmente acreditou.
Desata o laço frouxo. É o fim do matrimônio;
olhando ao redor  vendo que o castelo desmoronou,
roga ao céu livrá-lo do vício: sorrateiro demônio!

 
O que no passado fora meio de celebração;
vai talhando assim, as lágrimas, uma ruína...
Mais (in)precisos são seus cálculos na imaginação:
Outras flores germinarão pela sua mão-menina?

E até que um dia qualquer, quando seu fôlego expire
e quando para ela o grande eclipse acontecer...
e quando para sua mísera existência, a Terra pare; não mais gire
ainda inexata certeza outros haverão de ter:
 de que a viram portando buquês ao pé do efêmero arco-iris.


 
Imagem Google

 
Marisa Silveira Bicudo
Enviado por Marisa Silveira Bicudo em 17/06/2012
Reeditado em 20/06/2012
Código do texto: T3728726
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