Acabou o sonho.

Como era comovente olhar para você.

Ver toda a natureza de meu pensamento,

Virar um tormento ideológico.

Não sabia se merecia ser feliz,

Mas também não me decidia

A voltar a ver o dia amanhecer.

Você só passava pelos meus olhos.

Nunca foi realmente sentimento.

E meu instinto anti-burguês

Fazia-me freguês assíduo

Dum boteco da esquina.

A cada esperança, a cada sonho,

Embriagavam-me.

E junto com a bebida

Eu matava minha sede de afeto.

Nunca lhe pedi amor.

Nunca fui masoquista,

Ao ponto de só querer sofrer.

Minha única exigência

Era ter tua mão como saliência

De minha face.