estoico

Tem dias que a ignorância nos fecha,

bem no fundo, numa masmorra fria,

lá onde bastaria apenas uma mecha,

dos lisos e longos cabelos de Sophia;

certo coração carecendo uma flecha,

e o inútil do Cupido com aljava vazia;

té poesia, então, nos deixa no pincel,

a inspiração erra alhures, sai de casa;

outrora ela fora, minha escudeira fiel,

ignoro motivo, arrefeceu suas brasas;

só as porras das renas do velho Noel,

que podem voar sem carecer de asas;

olhar estoico resiste, sem fazer água,

mas, transparente a droga da cortina;

fácil divisar, pois, um vulto de mágoa,

quem sabe ler a alma, imediato atina;

vivem sonhos escalando o Aconcágua,

com realidade presa no fundo da mina;

e sempre que um dia assim é servido,

fica nebuloso o clima, cá nesse rancho;

tanto tempo a acusar o tempo perdido,

pois Quixote não vai à luta sem Sancho,

só resta flertarmos com olhos de vidro,

apertarmos a “mão” do Capitão Gancho...