Noturno

É no escurecer da noite

Quando a lânguida sombra

Cobre todas as coisas

É que escuto o meu coração

E deito

E me recolho.

É quando consigo ver

Do que realmente sou feito

E me assusto

E me tranco

Quando a noite vem.

Quando a solidão bate a porta de minh'alma

E consigo então

Mensurar sua imensidão

E ao apertar sua mão

Perceber que somos um

Disforme ,

Esquecido,

Amargurado um.

É quando a noite vem

Com seu manto estrelado

Que o vazio que trago no peito

Sai

E vem se deitar ao meu lado.

É quando a noite cai

Que ouço as batidas solitárias do meu coração

A dizer

Meu amigo

Não se desespere

Mais triste é aquele

Que nem a tristeza

Pode alcançar.

E aí

Quando a noite desce

É que descubro

Que o meu lugar

É entre seus panos escuros

E me fecho

E me encolho

E recolho os meus farrapos.

Luc Gomes
Enviado por Luc Gomes em 21/07/2012
Código do texto: T3790609
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