Inverno em Outubro

Difícil de acreditar

Que você não está mais aqui

Não está mais lá.

Difícil até de falar

De pôr para fora

Quando você não sabe

Nem o que tem dentro.

Quando você se faz em sonhos

E acredita, os vivencia

Para que lhe sejam arrancados

Pisoteados

Como a grama de um jardim

Que de verde, se faz medo

E ter o escárnio como resposta.

Quando ninguém entende sua dor

Quando ninguém sente o que eu sinto

Quando ninguém sente sua falta.

E como eu sinto sua falta.

Sem mal ter te conhecido.

E me fiz de tal forma

Dependente de você

Da sua voz, do seu sorriso

Que ainda sou cego à realidade

De que não ouvirei mais teu discurso

Distorcendo meu saber

Como só tu soube fazer.

Fiz me cego, mas não mudo.

E esse grito que entoo, tão agudo

Em nada atenua essa dor que me consome

Como o fogo da lareira que nunca tive.

E assim você foi, e é para mim

Mais do que tudo que eu poderia ser

E nada menos do que eu poderia sonhar.

E pensar que eu não tomarei mais

Minha dose de você

Só aprofunda o buraco

Que você deixou em minha alma.

Como você pode

Me fazer provar do pecado

E rodear minha vida do teu fruto

De tal forma que eu nem sei mais

Quando eu começo e como acabo?

De tal forma que eu futuro

É mais um borrão entorpecente.

Pois fiz minha vida em você

E sem deixar carta ou aperto de mão

Agora sou órfão na surpresa

Da minha ideologia falha.

E eu só sei que vai demorar

Até que eu aceite ser fato

Que você se tornou Terra

E fez o inverno chegar mais cedo

Na minha quente primavera.

Lugui Nacinovic
Enviado por Lugui Nacinovic em 13/08/2012
Reeditado em 27/11/2015
Código do texto: T3829165
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