Inverno em Outubro
Difícil de acreditar
Que você não está mais aqui
Não está mais lá.
Difícil até de falar
De pôr para fora
Quando você não sabe
Nem o que tem dentro.
Quando você se faz em sonhos
E acredita, os vivencia
Para que lhe sejam arrancados
Pisoteados
Como a grama de um jardim
Que de verde, se faz medo
E ter o escárnio como resposta.
Quando ninguém entende sua dor
Quando ninguém sente o que eu sinto
Quando ninguém sente sua falta.
E como eu sinto sua falta.
Sem mal ter te conhecido.
E me fiz de tal forma
Dependente de você
Da sua voz, do seu sorriso
Que ainda sou cego à realidade
De que não ouvirei mais teu discurso
Distorcendo meu saber
Como só tu soube fazer.
Fiz me cego, mas não mudo.
E esse grito que entoo, tão agudo
Em nada atenua essa dor que me consome
Como o fogo da lareira que nunca tive.
E assim você foi, e é para mim
Mais do que tudo que eu poderia ser
E nada menos do que eu poderia sonhar.
E pensar que eu não tomarei mais
Minha dose de você
Só aprofunda o buraco
Que você deixou em minha alma.
Como você pode
Me fazer provar do pecado
E rodear minha vida do teu fruto
De tal forma que eu nem sei mais
Quando eu começo e como acabo?
De tal forma que eu futuro
É mais um borrão entorpecente.
Pois fiz minha vida em você
E sem deixar carta ou aperto de mão
Agora sou órfão na surpresa
Da minha ideologia falha.
E eu só sei que vai demorar
Até que eu aceite ser fato
Que você se tornou Terra
E fez o inverno chegar mais cedo
Na minha quente primavera.