A Última Hora (ou o poema do Fim)

A Última Hora (ou o poema do Fim)

Abocanho o Mundo

Jogo às trevas a existência

Depois de mim é o Fim

Onde somente existe o nada no fundo

O Fim,

Do finito infinito a beleza

Da morte ártica a frieza

Olhos vazios como aquele

Que não mais ama nada além dele

Traz o alívio ao amor

Junto com o cessar da dor

Dou fim ao brilho da aurora

Destruo a alegria do agora

Tudo o que é deixa de ser

É próprio da existência ao Fim tender

Onde quer que a rosa murche

Na solidão outonal do vazio

No silêncio antes da queda

No frio da chama que se apaga

No cessar da mão que afaga

No fechar da janela ao que há fora

Lá estou.

Eu, a Última Hora.

(Este poema e “A Prima Hora” são complementares.)