No declive de agora

Perpassa-me o tempo

Na vagareza do pensar

O vento que me corre

Pela casa das idéias,

Desusou minhas pernas,

Evadiu-me a direção

Chão de ir, não tenho,

Vou e venho ao nada

Na estrada que não vejo,

Almejo apenas querer

Em face a isso,

Cobiço novo rosto,

Nova cara de bater

Como saber de amanhã

Se hoje já é tarde?

Covarde sol poente

Que não arde, nem sente

No declive de agora,

Se demora a noite

Que me deita no peito,

Soma-se aos negros olhos,

À pele de negra tintura

Tanta rasura de sombra

Me assalta, me assombra

Estreitada reza dizia,

Chiava em canto de boca,

Percebia pouca fé

Até que amanhecia,

Mas do dia, morria a vontade

Felicidade não vinha,

Vinha lá mais idade

E os anos todos sabiam

Que mais anos viriam,

Tão logo pudessem chegar

Sim

Perpassa-me o tempo

Na vagareza do pensar

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Nota: uma fervura de ervas reflexivas, amargas tais como boldo.

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 12/03/2007
Reeditado em 23/01/2021
Código do texto: T410100
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