No declive de agora
Perpassa-me o tempo
Na vagareza do pensar
O vento que me corre
Pela casa das idéias,
Desusou minhas pernas,
Evadiu-me a direção
Chão de ir, não tenho,
Vou e venho ao nada
Na estrada que não vejo,
Almejo apenas querer
Em face a isso,
Cobiço novo rosto,
Nova cara de bater
Como saber de amanhã
Se hoje já é tarde?
Covarde sol poente
Que não arde, nem sente
No declive de agora,
Se demora a noite
Que me deita no peito,
Soma-se aos negros olhos,
À pele de negra tintura
Tanta rasura de sombra
Me assalta, me assombra
Estreitada reza dizia,
Chiava em canto de boca,
Percebia pouca fé
Até que amanhecia,
Mas do dia, morria a vontade
Felicidade não vinha,
Vinha lá mais idade
E os anos todos sabiam
Que mais anos viriam,
Tão logo pudessem chegar
Sim
Perpassa-me o tempo
Na vagareza do pensar
-----------------------------------------------------------
Nota: uma fervura de ervas reflexivas, amargas tais como boldo.