HOJE NÃO ESTOU AQUI

Hoje eu não estou diante de mim,
Renego o sonho, renego minha alma,
Como quem foge do destino enfim,
Como quem não tem resignação, fleuma.

Hoje eu não escuto minha voz,
Fecho minha boca, resumo a fala,
Como quem estar isolado, a sós,
Sem aspecto, sem luz, fora da sala.

Hoje eu não ouço recomendações,
Opiniões, conselhos, estas bobagens.
Estou distante de mim, das razões,
Que justificam meus meios, viagens.

Hoje eu estou partindo na nave de luz
Sem uma despedida prévia, sem recados,
Sem comentos dos letargos que me conduz,
Sem qualquer razão, sem ser convocado.

Hoje eu estou morrendo ao poucos
Deixando para trás o mundo inerte,
Para os latentes, os certos, os loucos.
Meus herdeiros fiéis da morte.

Hoje eu desfiz minha imagem
Como vulto na neblina fria.
Hoje deixei para trás paragens
Com minhas escritas, biografia.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 11/04/2013
Reeditado em 14/05/2013
Código do texto: T4236185
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