CHACAL ESPREITA
 
Mataram-me no imo os sonhos eternos,
Resiste ainda uma vontade sem fim,
Esperança que foge em alcovas opacas,
Realidade cruel o que buscas em mim.
 
Crateras viscerais se abrem em tudo,
Lâminas e facas charqueiam ao léu,
Quimeras engolidas no vazio deste nada,
Brumas de sangue salpicam o gosto de fel.
 
Rastros sem passos encontram o Alfa,
Asas alvejadas sem poder sobre o Omega,
Frívola existência sem o brilho da Vega,
Pervertida inocência perdida em pândega.
 
Chacais a espreitam na viela que encontram,
Ensandecendo a fêmea entorpecida em dor,
Executa-se dela o corpo a alma em flagelo,
E o que resta ruminam, uma mulher sem amor!