Ultimato

Essa ideia recorrente de apagar a vela,

se encerrasse a ilusão após apagada;

de cantar para essa e devanear aquela,

luz atraindo sempre à mariposa errada...

são assombros noturnos de várias casas,

trevas, poeira que a luz sempre espana;

o fato é que a dita já chamuscou as asas,

e mesmo assim não se afasta da chama...

ah, a mente que tais pensamentos pilota,

se desligasse apagariam certas aflições;

se, à anciã já basta dialogar com a cocota,

o poeta é contraditado por seus botões...

esses não aceitam amor próprio, deserto,

buscar oásis da pena, miragens, mendigas;

se o amor faz isso é um ditador, por certo,

dominando num reino cercado de intrigas...

insistência contra o afeto, admito, detesto,

como gente que ignora o sentido de um não;

é melhor ser plebeu sobre um prado honesto,

que imperador desnudo no trono da ilusão...

poeta vê as almas, antes dos corpos, e diz,

que ambas as belezas lhe aquecem a veia;

mas, nem mesmo a formosura de uma miss,

supriria a vasta lacuna de uma alma feia...

se meus versos sumirem como sol na tarde,

será pelo derradeiro recurso que encontrei;

se te faltar coragem eu me farei de covarde,

empatando de vez essa joça; pronto, falei.