O LOUVA-DEUS

O pensamento fugiu! Se precipitando

Em largos e fundos...estranhos fossos!

De uma só vez buscou nervoso:

Sem calma, entregue aos instintos,

A voz pregando palavras caladas...

O prazer atroz de um trágico gozo!

Disseste, quando tudo era somente calma,

À brisa clara de uma tarde de agosto,

Com um sorriso augusto, (triste engano!)

“Tudo acorda! A beleza e o amor

Revigora o canto e os músculos do operário...

Que seja eterna a alegria! Morreria feliz neste momento!”

Poderia nutrir-se apenas com areia,

E se embriagar com a espuma da praia laranja,

Se aquela fortuna de volúpia serena

Durasse com a mesma intensidade de sua paixão

E petrificasse em eterno sua ilusão...

O tempo fosse somente aquela tarde!

Aproveitou pouco! Agora é imenso o seu desgosto!

Agora pragueja, maldiz contra o amor.

"Seja o destino do homem enamorado,

O que cego se torna quando abraçado,

Infinita a dor e com espinhos o poço!"