Agonia de um ancião...

Trago a mala

plena de dor e de coisas,

e a mente apinhada de fatos...

Trago na algibeira

um velho lenço e retratos,

testemunhas de tantos casos...

Trago no corpo o peso

de noventa anos de história,

todos entalhados na memória.

Trago nos olhos

a saudade de filhos e netos,

e das pessoas da rua de casa...

Trago na face

as marcas do meu cansaço,

nos ombros uma carga de suplícios...

Trago um restinho de vida

cheio de amarguras e mágoas,

e a fadiga de tantos dias e noites...

Trago no coração

uma indústria de perdões,

e um elenco a serem perdoados...

Trago na aparente calma

uma indomável pressa,

de ir para o além-mundo...