FERIDA QUE NÃO CURA

A gala da ironia veste tua lírica.

Soterrando meu amor em câmara fria.

Deita-se em gótica e gélida lápide.

Adormecida minha idolatria...

A esperança amarelada como fotos antigas

São lembranças de um tempo cheio de tudo

Tua pele que me vestia...

Hoje é de ausência, ferida que não cura.

Eu chego perto da distância infinita, impenetrável.

Não há sonho, só medo! As trevas cegam-me os olhos.

Atravesso pontes no deserto! Acordada da fantasia.

Não sou a bela adormecida dos contos de fada.

Sou alma errante em mares salgados de pecados.

Dama da noite vagando na solidão dos espinhos.

E a poesia que me levou ao céu!

Agora me enterra no inferno.

A palavra perdeu o argumento...

Minh’alma é só lamento!

A vida incompleta repleta de tua ausência

Meu coração é triste faltando um pedaço.

Sem entrelaçar os dedos não há laço.

Sem respostas no teu silêncio.

Meu amor é um grito cego!

Passeando nas calçadas vazias.