Quando eu me for...

Quando eu me for

por aí

desalinhado nesta plateia

que espreita sorrateiramente

entre as cortinas veladas

da solidão

saberei assim quão benevolente

é este abrigo onde alicerçamos

toda a poesia que escreveremos

na lápide do tempo

quantas recordações deixámos

fotografadas nas cantarias

onde repousam os pontos de fuga

rabiscados em fragmentos de felicidade

na mais fina caligrafia

Quando eu me for

reserva-me aqui

um canto de saudades estupefactas

lembra-me os detalhes

de cada gemido que trocámos

acompanha-me até ao limiar

do sonho iminente

onde nossas expressões

negoceiam felizes

um pacto pacientemente

selado

num perfeito desenlace

que desenhámos inebriados

entre a álgebra matemáticamente

exacta

e a identidade que ungiu de beijos

eloquentes

a madrugada que te recito

mal acabe esta noite assim

acutilante e enamorada

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 07/03/2015
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