Bem-Me-Quer... Mal-Me-Quer...

Recordo o passatempo de criança,

Antevendo o que vai acontecer.

Mas, não resisto à brincadeira,

E sacrifico a flor, na esperança

De uma vez o bem-me-quer vencer.

Quem sabe, finalmente a primeira?

Mais uma vez eu resolvo tentar...

As pétalas começo a arrancar,

Até ficar apenas o miolo.

Faz muito tempo, mas eu não esqueço

O gosto amargo que tão bem conheço,

Ainda é o sabor da minha infância.

Como um coração pode ser tolo!

Que pecado despetalar a flor,

Ainda que em nome do amor!

Pobre da margarida desfolhada,

Bem poderia ter sido poupada...

Eu chego até a me sentir culpada,

O meu bem não me quer, eu já sabia!

Sorrio ao lembrar o quanto sofria

Quando criança, decepcionada,

Ao pensar que jamais seria amada.

Hoje em dia, isso já não me importa...

Só lamento as tantas flores mortas!

Sonia Villarinho
Enviado por Sonia Villarinho em 26/04/2015
Código do texto: T5221169
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