Poema Juvenil
Houve um tempo, árduo coração, em que o pedido saia da boca dolorida recém passado pela garganta empoeirada.
E as dores, nessa hora, tomavam forma para, logo depois, se despedaçarem no encontro com o rancor.
Tempo de sofrer, viver de engolir a seco sem um amanhã palpável, sem chão, sem glória alguma, sem verdade.
E lá se foi o tempo, passando e ensinando a dor a doer; na procura de toda e qualquer lembrança liberando antigas sensações.
E a dor passou a ser tão freqüente que aos poucos, foi sendo tratada
como amiga e com a corrida do tempo, antes vagaroso, a dor tornou-se solidão apenas.
A solidão sim, massacra; mas abre uma nova porta.
E pela porta que a solidão abriu todas as manhãs entrava um cheiro bom.
E de manhã em manhã, faz-se vida, pedidos
sonhos, desejos, prazeres, sede, paixão, amor, eternidade em ciclos.