CASTELO DE VIDRO
Deixaste sombras no meu caminho;
um coração jorrando o líquido dos olhos;
umas mãos estendidas pedindo socorro;
uma boca ávida por falar;
um ouvido ensurdecido;
sonhos frustrados e podados.
Nos teus caminhos, o vidro não corta,
não reluz, tua alma é cicatrizada com ferro,
teu sorriso escorregou no tampo da mesa,
caiu nos meus pés gerando desespero,
choro, desalento, desesperança;
levarás no teu seio, o fruto amargo da saudade.
Na despedida, os meus olhos serão cegos,
um vidro sem brilho, vazados por tuas flechas;
fui sempre um nômade na tua tenda, hóspede;
dentro de mim, as torres alcançaram o "céu";
guardei dentro da alma, as confissões, os segredos,
os dramas, os perigos típicos de quem ama.
Deixaste-me em sombra, silhueta a vagar;
nos teus caminhos, o deleite transformou-se em tortura;
na despedida, meus olhos interpretarão a voz do peito;
deixaste para sempre um coração vencido;
nos teus caminhos, as flores irão sorrir por mim;
na despedida, o adeus tomará fôlego, meu último caminho.
Pedro Matos