CASTELO DE VIDRO

Deixaste sombras no meu caminho;

um coração jorrando o líquido dos olhos;

umas mãos estendidas pedindo socorro;

uma boca ávida por falar;

um ouvido ensurdecido;

sonhos frustrados e podados.

Nos teus caminhos, o vidro não corta,

não reluz, tua alma é cicatrizada com ferro,

teu sorriso escorregou no tampo da mesa,

caiu nos meus pés gerando desespero,

choro, desalento, desesperança;

levarás no teu seio, o fruto amargo da saudade.

Na despedida, os meus olhos serão cegos,

um vidro sem brilho, vazados por tuas flechas;

fui sempre um nômade na tua tenda, hóspede;

dentro de mim, as torres alcançaram o "céu";

guardei dentro da alma, as confissões, os segredos,

os dramas, os perigos típicos de quem ama.

Deixaste-me em sombra, silhueta a vagar;

nos teus caminhos, o deleite transformou-se em tortura;

na despedida, meus olhos interpretarão a voz do peito;

deixaste para sempre um coração vencido;

nos teus caminhos, as flores irão sorrir por mim;

na despedida, o adeus tomará fôlego, meu último caminho.

Pedro Matos

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 08/06/2015
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