Olhares Desertos

No deserto de muitos olhares

Procurei águas calmas

Estendi minhas mãos para o céu

Joguei meu coração ao léu

E andei na areia fervente, descalça.

Sofri muitas perdas e danos

Queimei meu corpo e perdi o tato

Descobri que sentimentos falham

E me liguei somente aos fatos

Devolvi minha infância perdida

Em braços ternos que não existem mais

Pois os abraços puros e o olhar infantil

Que tanto sonhei,

Não retornarão jamais.

Parei neste mundo descolorido e desencontrado

Com mil rostos por todos os lados

Perguntando o por que de eu ser assim.

Respondo que é por que amo tanto, mas tanto...

...Que deixei de lado o outro, e amo somente a mim!

Meus olhos se entristecem

Quando refletem no espelho de outro olhar

Me deparo com seus baús sem tesouro

Então, ali fico perdida em meio ao calor da multidão

(A cada passo que antecede a aproximação)

Quanto mais eu caminho tenho a certeza

Que em mim deveria pulsar somente a voz da razão.

Os olhares demonstram frieza

Todo pensamento amoroso foi em vão.

Sozinha, eu sigo perseguindo até a morte

A perfeição,

a cura, a verdade

E a sorte.

A sorte de poder encontrar no corpo do outro

A pureza do que se é

Fazendo o que o coração manda

Não o que o corpo quer.

Congelantes olhares desertos

Despertam minha ira e descrença

“O coração é o todo do corpo,

e o corpo não faz diferença.”

Destino incerto de linhas sinuosas e desregradas

O corpo do homem é templo sagrado

Assim, ao menos deveria ser.

Se o homem o usa para abrigar o coração

Tesouro mais importante,

E não cuida dele

Coração nem deve ter...!

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 15/07/2015
Código do texto: T5311849
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