Mais uma noite

Você é carne

Eu sou espírito

Sua voz às vezes me soa tão pura

Mas sua pele, selvática, grita por atrito

Suas pernas se abrem com convicção

E minha voz gagueja

Seu olhar doce

O meu também

Um leve encarar

Interrompido pelo desvio tímido da cabeça

Bater na trave, um entrave que já perdura meses

Ir embora primeiro

De toque amigável no ombro

De sentimento confuso

De um lado o orgulho do não-me-toque

Do outro, o medo da solidão