Naquele tempo
não subtraíamos; apenas somávamos e multiplicávamos,
dividíamos  tudo: repartíamos, como então era nosso modo de ser.
Todos eram companheiros, nas mazelas e em tudo mais.
Naquele tempo não subtraíamos, nem tal nos ocorria.
O tempo era de somar, de multiplicar para os mais ansiosos…
Julgávamo-nos como iguais e assim fomos sendo
até nos perdermos de vista (também se diz crescer)
e nos perdermos num mundo dividido, que não era então
da nossas contas, porque apenas somávamos e multiplicávamos.
Dividíamos tudo, mas éramos incapazes de subtrair o que quer que fosse à alegria de ali estarmos e partilhar o (nosso) mundo.
As corridas sem freio eram só intenções, só isso, nada de ultrapassar quem quer que fosse.
Apenas somávamos e multiplicávamos e dividíamos tudo,
tal como o desejo de sermos homens e ter futuro.