MINHA VELHA ALMA

Encontraram minha alma

em uma lata de lixo,

enrolada em um velho

pano de prato.

Eu a havia vendido

por um valor irrisório

e quem a comprou garantiu

que eu havia feito

um grande negócio.

Retalhada a canivete,

minha alma parecia

não ter mais serventia:

não cabia mais

em meu corpo.

Em meu corpo,

destituído de alma, só cabia

uma nova cicatriz

a cada dia.

Tentaram costurar

minha velha alma.

Mas o que eu perdera

não tinha mais volta:

o corpo vilipendiado

recusou

a mesma velha alma de antes.

E a mim restou juntar moedas

na ânsia infantil

de conseguir comprar

uma alma nova

ou que, ao menos,

fizesse este velho corpo

parecer melhor

do que nunca foi.

Wanda Maia
Enviado por Wanda Maia em 02/07/2007
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