O cárcere do matrimônio

De prisioneiro que fui,

Por quanto tempo não sei.

Subornei em nome do amor,

A liberdade! Sonho pelo qual tanto lutei.

Em tudo havia fascínio,

Dormir e acordar ao seu lado,

Para minha alma um acalento.

Os dias passavam depressa,

E as noite quase sem fim.

Desejos ardentes incineravam os corpos,

Eu sobre a cama e você sobre mim.

E depois com os corpos cansados,

Entregues à exaustão.

Emergiam robustos os fantasmas,

Do conflito exigente da desilusão

Aquele olhar misterioso,

Que outrora me fascinava.

Agora carregado de ira,

Com o mundo do matrimônio desmoronava.

Oculto na penumbra da noite,

Outra verdade a luz do dia revelava.

Todo o encanto das horas de êxtase,

Crise sem trégua, seu lugar ocupava.

Deveria, penso, os amantes,

Se amarem somente na madrugada.

Teriam dessa forma a convicção,

De que não há sombras em suas jornada.

Sucumbi aos desejos da carne,

E atraído pelos encantos seus.

Sou agora escravo assumido,

Minha vida boêmia me disse adeus.

Me vejo assim, sem vida,

No cárcere que consciente escolhi.

Oh Deus! Como pode um homem,

Em sã consciência escolher viver triste assim.

Ou será que a concepção do insano " para sempre"

Que o casal diante do altar promete.

Não passa de um infame engano,

Que em silêncio decreta um "será breve".

Se é mentira ou verdade,

A mim não cabe a decisão.

Viverei o enquanto durar,

De relação em relação.

Valéria Nunes de Almeida e Almeida
Enviado por Valéria Nunes de Almeida e Almeida em 03/01/2017
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