Laceração de Androgynous

A cidade, grande e negra, é cemitério

E sem critério, em norte e sul, jazem dois amantes.

Enquanto dois seres, corpos e restos, de um incompleto

Enfrentam, ineptos e em débito, a suas perdas.

O homem alto, alto orgulho,

falso sorriso e falso sentimento,

fronte a agora, morta e imunda

foste antes, princesa moribunda

se afunda,na chuva desgraçada:

Garoa fina, rala, e carregada.

Respira sua liberdade fracassada.

Cabelos loiros ressecam no sol

frente ao túmulo quente de um sorriso.

Flor e espinhos, dantes invisível.

São quase duas figuras mortas.

Um réquiem diz que a tempestade é castanha.

Castanhos.Castanhas.Dias sob o sol.

Uma lembrança que escorre porquê foi feliz;

Mas sob a pele, hoje é ácido.

Dois bichos cicatrizados,

Um centro entre mórbidos cantos,

conta um encontro,sem encanto:

Um olhar, meio segundo,

Um lado e outro da calçada.

Sem sorriso, sem lágrima,

são só fantasmas.

Hygor Marques
Enviado por Hygor Marques em 21/06/2017
Código do texto: T6033043
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