Cinza

Extraio coisas tão pequenas,

Que nem ausência possuem,

Quando apenas nuvens, antes

De se integrarem no que devem

Ser e são em mim peculiares,

Assombrosas velhas/vestes, sonho

O Evereste e só de pensar o

Destruo, ao que me parece

Acanhada e estranha, despida

Tal e qual um peixe-triste,

Extraio coisas tão pequenas,

Quantas o mundo me deixe,

Ecos sem qualquer crença,

Ou semelhança no fundo

Ao sentido que se diz "ser tudo",

Meu próprio papel e embrulho,

Me convenço depois de nada ser,

Apenas ausência de claro/escuro

Que toda a presença em mim possui,

Excepto cinza, cinza e escuro,

Nunca tive a arte da tinta fresca,

a alquimia da cor certa, estimula-me

O cinzento, embora consiga pensar

A preto nos mundos que criei, improviso,

Pinto cinza inclusive a luz do sol,

Inevitávelmente a nudez humana,

Cinza o que não me fizeram ser,

As avessas do meu ver,

Coisas tão pequenas, a repetição

Dos dias sempre iguais, a competição

De um relógio parado, com a parede

Em frente, cinza escuro.

https://youtu.be/LWU0an2hoXI

Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 16/04/2018
Reeditado em 14/02/2019
Código do texto: T6309996
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.