Passos lentos
Trago em mim,
os estragos dos tragos
tomados com afagos
Acaricio em mim
as cicatrizes
de um passado ébrio.
Vejo
com meus olhos embaciados
o tremer de minhas mãos
e o falecer de suas células.
Ouço
em meu peito
o som frágil
de um coração desamado.
Caminhando
na lentidão dos meus passos
carrego o fardo das
decepções sofridas.
Detenho-me
na sordidez do social
brutalizado pelo
sistema desigual.
Nos meus sonhos
fantasio
uma sociedade
igualitária...
uma sociedade
humanitária.
E a realidade
sem ser imaginária
mostra-nos
uma sociedade
mercenária.
Com a proliferação
desenfreada
dos vendilhões
de virgens
e os mercadores
de deuses.
Ataliba Campos Lima
3, 9/08/1998
Apoio Cultural www.jornalnovafronteira.com.br