Mosaico
Meus cabelos no espelho, tão desgrenhados,
com voltas infinitas pra lugar nenhum,
se espreguiçam grisalhos na manhã.
A manhã de quinta, como a de sábado,
me mostra a mesma sobrancelha, espessa,
na cara desse homem comum.
Esse rosto tão assíduo a princípio é pálido,
fantasmagórico, e de súbito vejo um vinco,
a imperfeição passageira que um dia chega e fica.
Onde ele mora enquanto isso?
A rotina já inunda as horas, inodora e sem gosto
usa relógio nos dois braços
Meu rosto ainda não saiu do mosaico,
com as linhas se ajeitando a esmo,
bocejantes e prolíferas
O dia-a-dia não segura de manter
todas as coisas e faces.