Sopro ao Mármore

O soçobro se deu lá no fim da escada

do sopro que apagou a vida,

o último passo, o último gesto,

o último suspiro anunciando o fim

E parece que fiquei por alguns meses

à decorar o corrimão, imóvel estátua,

uma figura de mármore, gelada e pálida

Sim, fiquei ali por um bom tempo

O esboço do adeus se deu na fachada

Uma hora antes haviam morrido palavras

e escorreu o medo pelas menores frestas,

se fez geada em pleno dezembro

O sopro se misturou ao ágil vento

Que correu mundo afora, sem retorno

Respiro apenas ares de doce veneno

Que me rodeiam na varanda abandonada

Nem a roseira se compadeceu

Se curvou até mim, num outro adeus

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 24/08/2018
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