Sopro ao Mármore
O soçobro se deu lá no fim da escada
do sopro que apagou a vida,
o último passo, o último gesto,
o último suspiro anunciando o fim
E parece que fiquei por alguns meses
à decorar o corrimão, imóvel estátua,
uma figura de mármore, gelada e pálida
Sim, fiquei ali por um bom tempo
O esboço do adeus se deu na fachada
Uma hora antes haviam morrido palavras
e escorreu o medo pelas menores frestas,
se fez geada em pleno dezembro
O sopro se misturou ao ágil vento
Que correu mundo afora, sem retorno
Respiro apenas ares de doce veneno
Que me rodeiam na varanda abandonada
Nem a roseira se compadeceu
Se curvou até mim, num outro adeus