Murmúrios, Estrépitos e Rumores

Ouço murmúrios, estrépitos e rumores,

Daqui, de onde me acho confinado;

Um mundo paralelo acontece ao meu lado,

Produto insalubre de malogros e dissabores.

Contemplo a simetria dos azulejos,

Na paisagem tétrica do meu fado,

Lembranças romanescas do passado,

Perderam-se entre ilusões e desejos.

Sinto-me como um indigente estrangeiro,

Viajante soturno de longínqua plaga,

A solidão pungente não cicatriza a chaga,

Que há muito tempo me fez prisioneiro.

Nada sou neste mundo de fantasia,

Sem encontrar resposta, vivo por viver,

Apenas ouço os ruídos falazes do prazer,

Oriundos dos efêmeros arautos da utopia.