O que sobrou de mim
Sinto que já não há nada de mim nesse corpo afim.
Estou indo embora mesmo estando aqui,
é como morrer e permanecer vivendo as mesmas frustrações.
Tornei-me um zumbi, pois em meu corpo sã já não há mais nada de mim.
Nenhum resquício.
Aquele meu eu já partiu e nem sequer me disse adeus. Em minha carne não há mais o que se possa aproveitar, nem os ossos me restam, sou uma lembrança de mim.
Quando meus ossos se abalaram, já não havia mais vestígios de mim, só a lembrança do que um dia fui.
Amar? Eu amei.
Tanto amei! Imensuravelmente, de maneira descomunal, que tudo que eu podia ver ao olho nu era você.
Mas o que posso dizer acerca do que me tornei?
Nem mesmo o velho Aurélio teria palavras catastróficas o suficiente para descrever.
Sou só um lixo mortal, aprendendo a conviver com o pouco que sobrou de mim.