das humanas aflições

um campo assim tão vasto

a pele espalha seu assombro como chão

um vento assim tão casto

sopra segredos em cansaço e aflição

quisera buscar raízes nesse solo ralo

perderam-se em sombras divergentes

como a morte que se apresenta a cavalo

e acena falsos olhos complacentes

os braços cruzados o sonho mal passado

nada de novo no front ou na fronte

apenas esse pequeno som indelicado

assoma da montanha no horizonte

algum pássaro perdido em revoada

irrompe no inverno opaco e arrepiante

insiste como goteira na madrugada

seu guincho soturno e excruciante

a lua não me deve e também não me abriga

esquivo-me de sua luz como do sol no deserto

regresso e recolho em mim a dor antiga

que não me esquece nem eu a ela decerto

Helenice Priedols