Memórias
" Falar a verdade não dói
O que dói é ouvir a verdade".
No dia seguinte depois de ouvir um silêncio ensurdecedor que gritava em meu peito.
Eu refiz todos os caminhos. Mas, desta vez eu não tinha sua mão para segurar.
Fui descalça. Eu precisava sentir o que era estar sozinha.
E foi duro ver que a cidade já não mais cor.
Que a janela do vizinho era cinza e que todos os sorrisos eram sem graça.
Meus pés já estavam calejados e parecia ter seu próprio coração...e pulsava...Pulsava na dor de um peito que não queria mais voar.
As pedras no caminho eram cruéis e já abriam passagem ao me ver.
Caminhei nas rotas do ontem. Refiz todo percuso. Só. Estática. De cabeça erguida e lágrimas ao chão.
Andei. Ali eu era apenas uma andarilho sem destino.
Há quilômetros de casa eu pude sentir o cheiro do café que saia de uma casinha simples do alto do moro.
Eu ouvia alguns gritos de crianças que brincavam na calçada. Na mesma calçada por onde eu andei segurando tua mão. Hoje, apenas passos silêncioso tentando contornar a curva que eu nem sabia que existia. Eu só conhecia as curvas do teu sorriso.
Distraída levei o primeiro tropeço. A pedra nem saiu do lugar. Mas, A dor foi quase que insuportável e já não tinha nenhum braço forte para me segurar. Eu já não tinha o teu apoio.
Choveu no momento da dor.
Chorei quando não te vi.
E calaram-se os risos...
Já não sentia-se mais os cheiros.
Era a perfeita história do: Eu bem que te avisei.
O orvalho ainda nas folhas me lembrava que era apenas o começo.
Que era apenas o primeiro tropeço.
E que o silêncio ainda tinha voz.
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