PORQUE EU CHORO

Perguntaram quando é que eu choro.

......................................silenciei...

Silenciou também o meu sorriso.

Nem sei dizer na hora o que pensei.

Já me disseram que mascaro a essência,

Que a escondo atrás do meu sorrir,

Como se por dentro nada houvesse

Que valesse a pena existir.

Foi cruel essa fala, deixou-me espantada,

Cheguei a pensar em não mais sorrir,

Cheguei a ter vergonha do sorriso.

De novo, sem querer, me ferem por ferir.

Pergunte à ave por que canta,

Quem sabe também vai se calar.

À cigarra, pergunta porque grita,

Com certeza, vai querer silenciar!...

Choro

Pela absurda e absoluta incompetência

De administrar o desejável desejo

Que vivifica meu corpo

Sem nenhum impudico pejo!

Choro

Por um gesto, um medo, o sentimento

Antigo de prisão, pasmo e pressão,

Por uma palavra, um pensamento

Que fere de novo meu livre coração.

Choro

Por tudo o que devia ter feito e não fiz.

Pelo que não podia, não devia acontecer

E na minha inconseqüência

impulsivamente voltei a fazer.

Choro pela omissão de socorro

Que feriu a alma pequenina.

Socorro que não tive, que não deram,

Cruel que foram com a doce menininha.

Choro

Por renunciar por amor,

A um amor tão puro!

Por saber que, hoje e sempre,

A minha incontrolável energia

Acaba por não ser compreendida.

Choro,

Na quietude do meu coração silencioso,

Pelos caminhos não percorridos,

Pelo tempo que caminhei pelos desvios

Fora das portas, sem religação,

Pelo trabalho que dei ao meu coração,

Amando ao revés.

Não tem hora nem tempo

O meu choro.

De repente vem e se vai também,

Porque me nego lamuriar

Atrás das portas.

Se caminho por uma rua triste,

Não mais me sinto só.

Minha alegria vem comigo

Na presença d’ Aquele que não está

Porque É eternamente!

Por favor, não me façam chorar mais!

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 26/09/2007
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