Fuga
O tempo brinca com rostos
E rostos são almas penadas
Que o atravessam travessas
E vão mudando um coração.
Há aparências conservadas,
Há dores nunca abandonadas,
Há consequências deixadas
Ao sabor de tantos nãos.
O mesmo tempo engana
Aos alheios de uma dor latente
Que pinga como suor quente
Num abraço de solidão.
O tempo traz rostos novos
Imediatamente julgados
Por escravos do passado
Amantes da própria prisão.