ÀS TRAÇAS
Uns vivem na sarjeta sem lares, sem mães,
E dormem ao relento - Pobres cães vadios!
- De noite seus corações a gritar de frio,
- De dia os seus estômagos gemem por pães.
Enquanto outros ostentam, passeiam de iates
E vivem pelo mundo torrando milhões
Com suas faces sempre à mostra em multidões
E suas crianças "chutando chocolates".
E o despautério leva minh'alma à descrença
Diante da miséria e vendo a indiferença
Que me corrói o ser e inunda os olhos meus...
Por onde se escondeu a nossa vã decência?
Será que se acabou a santa providência?
Cadê a divindade, enfim, onde está Deus?
Uns vivem na sarjeta sem lares, sem mães,
E dormem ao relento - Pobres cães vadios!
- De noite seus corações a gritar de frio,
- De dia os seus estômagos gemem por pães.
Enquanto outros ostentam, passeiam de iates
E vivem pelo mundo torrando milhões
Com suas faces sempre à mostra em multidões
E suas crianças "chutando chocolates".
E o despautério leva minh'alma à descrença
Diante da miséria e vendo a indiferença
Que me corrói o ser e inunda os olhos meus...
Por onde se escondeu a nossa vã decência?
Será que se acabou a santa providência?
Cadê a divindade, enfim, onde está Deus?