Breves fins

Vida vã

Tão bela, passageira

Vida que se esvai

Como passos longos no escuro

Um caminhar descompassado

Vida sã

Tão curta, derradeira

Vida que chega e logo sai

Na imensidão cerrada de nuvens

Onde uma última luz sobressai

Raio de luar em pedaços

Espalha seu manto frio

Pelas rochas do pico tão alto

Olhar do fim do mundo

Silhueta que se desfaz em restos amargos

Poesia embebida em desatino

A palavra que foge no fim da página

Encontra o silêncio prematuro

E num último voar ao longe

Apaga seus rastros no ar gelado

Letras embaralhadas ao vento

Encontram o poeta no fim da estrada

E celebram em vão

As pequenas coisas

Os breves fins